Oswaldo Vigas quem? O maior expoente do modernismo venezuelano, praticamente desconhecido no Brasil, está prestes a virar nome corrente na cena do país, graças a Antológica 1943-2013. A mostra abrange 70 anos de carreira do artista, nascido em 1926 e morto há dois anos, num percurso por cinco esculturas, algumas gravações em bronze e 63 pinturas de formatos variados – muitas delas enormes.
“O público vai entrar pela mostra, percorrer todas suas cinco salas e, no último espaço, vê um filme com a trajetória de Oswaldo Vigas. Depois, sai da sala e refaz todo o percurso da exposição, com uma perspectiva inteiramente nova, mais aprofundada”, explica o arquiteto responsável pela expografia da versão brasileira, o holandês Jowa Imre Kis-Jovak.

O trajeto, permeado por obras organizadas em salas temáticas e grandes painéis que contam a trajetória artística de Vigas, nasceu da vontade de torná-lo conhecido para além das fronteiras venezuelanas e, especialmente, no Brasil, onde a curadoria inicial de Bélgica Rodríguez (ex-diretora do Museu de Arte das Américas, em Washington) ganhou a releitura de Katja Weitering.
A diretora do Cobra Museum, de Amsterdã (que conserva o acervo do grupo modernista homônimo e tem programação voltada à arte do período), tampouco conhecia Vigas, que morou entre 1952 e 1964 em Paris e conviveu com nomes como Picasso, Léger e Magritte. Travou conhecimento com o artista e a fundação que cuida de seu espólio a partir de uma coletiva realizada no Cobra. “Eu nunca tinha ouvido falar de Oswaldo Vigas. O que me impressionou em sua produção foi o caráter multifacetado, com incursões pela pintura, gravura, escultura, tapeçaria, desenho, cerâmica e ourivesaria. São obras muito diferentes, mas são todas Oswaldo Vigas”, disse à seLecT a co-curadora. Daí veio o convite para ajudar na mostra.

A escolha por bagunçar a cronologia e colocar lado a lado obras com a mesma temática, mas de períodos diferentes, reforça a pluralidade convergente de Vigas. Seja em pinturas mais construtivistas, em passeios pelo cubismo ou no uso do empastamento e da fisicalidade na constituição da pintura, todas as obras remetem ao primitivismo sul-americano, com seus totens e elementos tribais encabeçados pela figura da Grande Mãe, a geradora do mundo.
Mas as obras não contam sozinhas a história do artista: ganham a companhia de seus pincéis e objetos pessoais, máscaras e bonecos tribais de sua coleção e um amplo conjunto de documentos, rascunhos e cartas. “Quisemos ir além da figura do artista para mostrar o homem por trás das obras, afinal Vigas foi um grande agitador cultural de sua época. Ele criou o festival de cinema da Venezuela que existe até hoje, organizou exposições, foi adido cultural na Europa, e dirigiu centros de cultura em seu país. Mas como não se preocupava em vender o próprio trabalho, não ficou tão conhecido como tantos de seus contemporâneos”, explica Katja Weitering. Com Antológica 1943-2013, o Brasil está prestes a saber muito bem quem foi Oswaldo Vigas.
Serviço: Oswaldo Vigas – Antológica 1943-2013
De 2/4 a 3/7
Av. Pedro Álvares Cabral, 1301, São Paulo
