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Vista da videoinstalação A (2002), de Darren Almond (Fotos: Jorit Aust)
Postado em 15/08/2017 - 3:47
Luzes baixas, barulho de água e perfume de mar
Realizada a partir de expedições marítimas, exposição Tidalectics reflete a respeito dos oceanos na contemporaneidade
Alice Madueno, de Viena

Tidalectics é o título da exposição em exibição no TBA21-Augarten em Viena que, por meio de expedições marítimas, convidou diversos artistas a refletir sobre os problemas ambientais atuais. É uma visão oceânica do mundo, uma experiência para quebrar barreiras e incentivar novas formas de pensar e abordar essas mudanças, além de criar uma maneira diferente de envolvimento com os oceanos e com o mundo que habitamos. As viagens de pesquisa incluíram artistas, ecologistas, escritores e historiadores ecológicos. A mostra reflete a rítmica fluidez da água e o incessante movimento das marés.

Já na entrada você tem a sensação de estar no porão de um navio. O prédio que abriga a exposição tem a arquitetura perfeita para criar essa impressão. Luzes baixas, barulho de água e perfume de mar completam a experiência. Vozes ecoam pelas salas e, à medida que o espectador vai avançando, os sons ficam cada vez mais presentes. Grandes telas em diversos formatos exibem paisagens marítimas, além de depoimentos de habitantes dos locais visitados. Um aquário com águas vivas em constante movimento rouba a cena da primeira sala.

 

O perfume de mar vai se intensificando, assim como a sensação de estar dentro dele. Os sons de ondas, mergulhos e do vaivém das marés passam a ser angustiantes. Talvez a ideia seja essa. Convidar a refletir sobre como a água, sempre tão associada à calmaria, pode também ser perturbadora? E, assim, chamar a atenção para essa causa tão essencial e urgente que é cuidar dos oceanos e da vida marítima?

Na sala dois, os sons vão se transformando. Em uma das paredes, enormes anagramas se destacam. Uma mesa é coberta por objetos que parecem ter sido resgatados de um barco naufragado ou do porão de um navio negreiro, com mapas de navegação, guias de contas, estatuetas, búzios e diversos outros objetos. Nessa sala está também a obra da artista Janaina Tschäpe. Meio brasileira, meio alemã, Tschäpe juntou-se ao biólogo marinho e explorador oceânico David Gruber em sessões conjuntas de desenho e criou mundos visuais fantásticos que oscilam entre realidade e ficção, provenientes de relatos de Gruber sobre criaturas que ele observa em seus estudos.

Porém, na terceira sala é que está a grande surpresa. No chão, um enorme tablado de madeira móvel simula a sensação de estar andando em um barco sobre ondas. No teto, redes de pesca que flutuam sobre a cabeça trazem pedaços de madeira, troncos, bóias, garrafas plásticas, tecidos, entre outros objetos, e dão a sensação de estar no fundo do mar.

Outros dois ambientes com telões exibindo vídeos completam a exposição que fica localizada em um dos mais belos parques de Viena. Saindo da mostra, um passeio e um café no Augarten são dicas preciosas para aproveitar ao máximo essa experiência. O parque também é super conhecido por suas torres Flak, construídas durante a Segunda Guerra Mundial.

Gaia beats/bits III-i/doves and an aged hammock (2017), de Em’kal Eyongakpa, na terceira sala da exposição

 

Serviço
Tidalectics
TBA21-Augarten
Augarten Park, Scherzergasse 1A, 1020 – Vienna, Austria
até 2/11
tba21.org