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Postado em 26/09/2014 - 12:53
Vou-me embora para Ello
Nova rede social sem fins lucrativos desponta como alternativa concreta às estabelecidas plataformas comerciais
Guilherme Kujawski

“Você não é um produto”. Esse é o mote de Ello, nova rede social que, em vista do burburinho que está causando, promete ser the next big thing no campo das redes sociais. Mas é meio cedo para profetizar. O que se pode inferir é que a nova plataforma, criada por Paul Budnitz, terá grandes desafios pela frente. A começar pelo modelo de negócios. Neste momento, a rede é gratuita e advertising free. Ou seja, em algum momento terá que equilibrar as contas, talvez por meio de um modelo freemium (usuários pagam por funcionalidades adicionais). Budnitz jura que não quer competir com o Facebook, mas o Facebook certamente vai querer competir com a Ello, pois não vai permitir calado um repentino êxodo de pessoas fugindo de seus jardins suspensos (na última semana, as solicitações de convites – a rede ainda é beta invite-only – passaram de 4000 para 27.000 por hora). Ou seja, toda a sorte de desafios estão despontando no horizonte. Consertar os bugs, aprimorar a interface monocórdia, incluir um sistema de notificações e por aí vai.

Pornografia é outro grande desafio. Como modular? Claro, não vale pedofilia. Mas o resto vale? Não está claro nos termos. Ello tem retaguarda jurídica? O que fazer com vídeos de decapitação? Enfim, tudo isso deve ser computado rápido, pois, como é sabido, as redes têm uma subjetividade própria, que vai além da chamada “cultura das redes”. As redes sociais, especificamente, têm duas características: performance e escala. As duas demandam um tipo de coordenação, que pode ser centralizada ou decentralizada. Facebook optou pelo primeiro. Ello pelo segundo. Quanto mais um ponto da rede extrai valor de outros pontos, mais a rede perde valor global, e é por isso que todo mundo tem uma relação de amor e ódio com as redes sociais corporativas. Talvez esse aspecto “ético” é o que esteja chamando a atenção dos emigrantes. Por enquanto, torcemos para que a nova mídia se torne um verdadeiro protocolo libertário, e não se justifique apenas em função de sua pretensa superioridade em relação às mídias anteriores. McLuhan, no céu, está de olho.

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