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Postado em 16/08/2012 - 3:04
Elos perdidos
André Parente revisita os panoramas e o zoetrope em obra que atualiza equipamentos pré-cinemas no mundo pós-cinematográfico
Juliana Monachesi

Os brinquedos ópticos do início do século 19, como a máquina estroboscópica criada, em 1834, por William Horner – um tambor com cortes através dos quais se veem imagens no interior de um cilindro que anima as figuras –, são o foco de André Parente, artista, pesquisador de novas mídias e professor da UFRJ.

Seu Circuladô, exposto no MIS-SP em 2011, propõe uma imagem imersiva híbrida, entre o pré e o pós-cinema. Trata-se de uma projeção circular que coloca o espectador dentro do zoetrope e que o implica no desdobramento da ação, já que este define o sentido e a velocidade do “giroscópio”. As imagens projetadas – todas da história do cinema – mostram Thelonious Monk, Édipo (do Édipo Rei de Pasolini), Corisco (de Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha), um praticante sufi e a Pombajira girando.

A instalação Circuladô busca criar no espectador a sensação de estar no centro de um Zoetrope gigante, de seis metros de altura por 18 metros de comprimento.

Na exposição Figuras na Paisagem, no Oi Futuro (RJ), em 2010, Parente apresentou a obra Visorama, resultado de uma pesquisa científica que foi desenvolvida ao longo de 12 anos. Inspirado nas primeiras projeções fotográficas em 360o (fotoramas), o trabalho cria uma imagem 3D, na qual o espectador pode entrar, seguindo a mesma lógica dos saltos espaço-temporais do cinema. O artista defende a tese de que o fotorama é o elo perdido entre os panoramas e o cinema.

Por meio de um binóculo, o visitante da exposição podia escolher entre duas paisagens navegáveis: uma praia e uma biblioteca. Ao entrar no espaço do Real Gabinete Português de Leitura, por exemplo, para diferentes blocos de espaço havia micronarrativas distintas para observar. E cada narrativa dizia respeito ao ponto de vista do observador controlando o dispositivo, o que tornava sua navegação pela biblioteca – projetada em um telão no espaço – uma oportunidade voyeurística aos demais visitantes.

*Publicado originalmente na #select6.