icon-plus
Postado em 15/04/2016 - 5:26
R.I.P. Rogério Duarte
Interface visual da Tropicália, designer gráfico morreu nesta quarta (13/4), aos 77 anos
da redação

O que têm em comum Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Mautner, Gal Costa, Glauber Rocha, José Celso Martinez Corrêa e tantos outros nomes da contracultura brasileira dos anos 1960-70? Todos conviveram e tiveram trabalhos ilustrados (fossem capaz de livros, fossem cartazes de filmes) por Rogério Duarte. Mais que um nome colateral da Tropicália, o músico, desenhista, escritor e compositor baiano foi um dos mentores do movimento seminal da vanguarda brasileira do fim do século 20 e o criador de sua visualidade efusiva e transgressora. Ele morreu nesta quarta, 13/4, em decorrência de câncer.

São de Duarte a famosa capa do disco Caetano Veloso, como os não menos icônicos pôsteres de Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol, entre outras inúmeras obras. De Hélio Oiticica a Zé Celso, foi mentor de vários jovens artistas do período. Sua prisão com o irmão Ronaldo em 1968, durante dez dias em que foram torturados, foi um fato contundente dos anos de chumbo no Brasil, levando a inúmeros protestos e da mobilização maciça da classe artística de então, graças à denúncia de Duarte contra a tortura praticada pelos militares.

A partir dos anos 1970, ingressou no movimento Hare Krishna e, mais recentemente, compôs um álbum de mantras e músicas para o deus hindu que teve participações de nomes como Siba, Arnaldo Antunes, Chico César, Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Tom Zé. No meio do ano passado, o MAM da Bahia fez uma grande mostra retrospectiva abrangendo todas as facetas de seu trabalho, incluindo a poesia e seus escritos filosóficos. O artista não pode ir à abertura por causa do câncer, que já o acometera. R.I.P., Rogério Duarte.